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sexta-feira, 19 de março de 2010

Em defesa da Variedade vaginal

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Gente  futucando a net achei esse Post muito interessante:

 

 

 


março 29, 2009
Outro dia, nas minhas andanças internet afora, achei um site chamado 1001 vaginas (oi, se estiver no trabalho, não abra). É um projeto muito legal, cujo objetivo é mostrar a homens e mulheres que as vulvas, assim como as pessoas que as carregam, vêm em vários formatos, cores e tamanhos — ao contrário do que mostram as Playboys da vida e os filmes pornôs.



Pois é, meninas. Insatisfeitos em nos deixar preocupadas com o peso, a pele, os cabelos, as unhas, os pêlos, as rugas, as olheiras, a celulite, as estrias, o tamanho do nariz, a dureza da bunda e até a maciez das axilas (!), resolveram estender o padrão de beleza também para as nossas vaginas.








O mais novo ultraje é a cirurgia estética genital — ou “rejuvenescimento vaginal”. Que só existe para mulheres, claro. Joguei “rejuvenescimento peniano” no google e não saiu nada. Pelo visto, só nós envelhecemos entre as pernas. Pintos já são a verdadeira perfeição e não precisam de nenhum retoque.










E é claro que tem muita mulher se submetendo a isso sem precisar nem um tiquinho. No livro “A mulher do próximo”, do Gay Talese, tem uma parte muito interessante sobre a Betty Dodson. Ela se sentia meio insegura em relação à sua vulva porque um dos lábios era ligeiramente maior que o outro. Ela se sentia anormal. Até que, um dia, um homem lhe disse que existiam várias outras mulheres assim. Aquilo não tinha nada de defeituoso. Betty só não sabia disso porque nunca tinha visto outra vagina além da sua.
Hoje, é só dar um google ou ir até a banca de jornal da esquina para ver várias fotos de vaginas. No entanto, assim como Betty, muitas mulheres ainda acham que há algo de errado com elas. Afinal, as revistas e filmes pornôs só mostram um tipo de vagina. Ou, para não ser muito radical: pouquíssimos tipos de vagina.
Muitas de nós têm os pequenos lábios mais longos do que os grandes lábios, por exemplo – e isso é completamente normal.  Mas você jamais vai ouvir isso de um cirurgião plástico. Ele também não vai lhe dizer que é natural que a vagina mude um pouco depois dos filhos. Não, não. Tudo isso é retratado como defeito. Meu, você tem de estar preocupada até com a coloração da sua vagina!











Então, em nome da “beleza” e do sacrossanto dever de “agradar ao maridão”, estas mulheres se submetem às cirurgias estéticas genitais. Nestas cirurgias, parte dos pequenos lábios é cortada. Sabe a abertura da vagina, aquela parte super sensível? Pois é. Eles cortam isso. Para que você pareça tão apertadinha quanto uma atriz pornô de 18 anos (cujos pêlos pubianos costumam ser totalmente raspados — sou só eu que percebo uma tentativa de infantilização aí?).
Veja bem: eles estão cortando fora uma das partes mais sensíveis da vagina. Eu duvido muito que isso não altere em nada o prazer. Então, resolvi recorrer ao Google de novo. Digitei: “riscos rejuvenescimento vaginal”. Nada nas três primeiras páginas. Apenas reportagens (se é que se pode chamá-las assim – no mínimo são apenas press releases requentados) sobre o quanto fazer cirurgia plástica na juju é super legal e vai dar um puta upgrade na sua auto-estima.








Fiz a pesquisa em outros termos.  Também não saiu nada. Depois de muita insistência, encontrei esta matéria. Que diz que não há risco nenhum. Porra, mas nem acreditando em Papai Noel, né? Risco nenhum é impossível. Já no FAQ desta clínica, o texto é quase risível: eles citam várias possíveis complicações, como traumas à bexiga e reto, problemas de cicatrização e dor durante o coito – mas salpicam a palavra “raro” mil vezes, no maior desespero. Só faltam prometer que a cirurgia não vai fazer nem cosquinha, como a gente diz para criança antes dela tomar vacina.





(No entanto, o texto é somente quase risível. Porque há uma parte que dá raiva. Muita raiva. Eles têm a cara de pau de afirmar que uma gravidez traz mais riscos do que a tal cirurgia. É, porque gravidez é doença, sabe? O corpo feminino é tão defeituoso que suas funções naturais são mais perigosas do que uma cirurgia desnecessária, feita por homens para o deleite de homens a quem foi negado o conhecimento da variedade vaginal. Olha, não sei quanto a vocês, mas eu jamais correria o risco de sofrer danos à bexiga e ao reto e perder parte do meu prazer sexual só para ficar com uma vagina supostamente mais bonita. Não importa quantas vezes eles digam  “mas isso é raro!”. Para mim, simplesmente não vale a pena).
Enfim, resumo da ópera: os riscos (que existem, claro, toda cirurgia tem riscos!) simplesmente não estão sendo divulgados com a mesma intensidade. Eu diria até que eles estão sendo deliberadamente escondidos.
Mas calma, que fica pior: eles ainda têm a audácia de dizer que a cirurgia vai aumentar o seu prazer. E por um motivo muito simples: você vai ficar mais apertada e talz. De novo, temos o reforço da penetração como padrão. Anos e anos de freudismo vagabundo reciclado dão nisso: é como se a mulher fosse estranha por necessitar de estímulo no clitóris.





Me dá muita vergonha dos coleguinhas que publicam matérias assim. Do tipo: “faça uma cirurgia plástica e todos os seus problemas de auto-estima sumirão!”. Eu sei que todo mundo tem de pagar as contas, mas que dá vergonha alheia, dá. Porque isso não é jornalismo. É um desserviço. Você está enganando a leitora. E sequer ganha uma porcentagem do valor das cirurgias que está ajudando a angariar para as clínicas. Bem, os donos da revista/jornal/site ganham em anúncios. Mas quem assina a matéria é você. É uma espécie de prostituição sem dinheiro ao final.
Ora, é um absurdo estimular as mulheres a dar um “quick fix” em seus corpos, caso não gostem deles. O pior é que fomos tão dessensibilizados para este tipo de discurso que não percebemos mais o quão contraditório e nonsense ele é. Pensa com a tia: se a questão é auto-estima, então o problema está em como a pessoa se vê. Auto-estima, got it? A palavra é auto-explicativa.
Quando dizemos para a pessoa ir lá e corrigir o que ela acha que é um defeito, vendendo essas cirurgias como soluções, estamos reforçando o seu problema de auto-estima. Estamos dizendo: “sim, você tem razão. Você um lixo mesmo. A única solução é dar um jeito essa porcaria”. Mas, sendo falta de auto-estima o problema, assim que consertar um (suposto) defeito, a pessoa vai achar outro. E mais outro e mais outro e mais outro e mais outro. Porque a raiz do problema não é física, é psicológica.




Acho de uma irresponsabilidade atroz dizer “está infeliz? Entre na faca!”, sem sequer questionar o porquê  da pessoa estar infeliz. De onde vem essa infelicidade. E se ela tem razão de ser. Em nenhuma dessas matérias que eu linkei, está escrito que é normal a vagina ter diferentes formatos e cores. E que, talvez, a sua neura seja apenas isto: uma neura, uma frescurinha, algo sem importância. Não, o que dizem é: “não gosta? Vai lá e muda”.




Outra coisa que me dá nos nervos é essa retratação da baixa auto-estima como um problema estritamente pessoal, como se não houvesse fatores culturais que influenciassem isso. Ora, se ouvimos o tempo todo que nossos corpos nunca estão bons o suficiente, é óbvio que a auto-estima irá para o brejo, não? Se nos sentimos um lixo, é porque vocês nos dizem o tempo todo que somos um lixo. E que precisamos pagar à indústria que diz que somos um lixo para que ela nos corrija.




Parte do dinheiro que recebem para retalhar nossas vaginas/enfiar colágeno nas nossas bocas/recortar nossos mamilos, enfiando uma prótese de 400 ml por aquele buraquinho/atochar uma cânola de sucção nas nossas barrigas* é usado para continuar nos convencendo de que somos um lixo. Ao assinar o cheque do cirurgião plástico, estamos assinando a sentença de morte da auto-estima – a nossa e de todas as outras mulheres. Estamos alimentando o próprio sistema que nos faz achar que precisamos fazer isso “para nos sentirmos bem”.






Mas isso tudo aí é Naomi Wolf. Eu não tô falando nada de novo.
Enfim. Fato é que há focos de resistência aqui e ali. Colheres de chá. E o 1001 vaginas é um deles. Além das várias fotos (de vaginas de mulheres gordas, magras, peludas, depiladas, brancas, negras, etc etc etc), há também uma parte em que as pessoas são convidadas a descrever as vaginas — se for mulher, a sua; se for homem, a vagina da parceira. O objetivo é fazer com que percebamos que cada uma de nós é bonita em sua unicidade. RIGHT ON. Adorei.





* Não sei como as pessoas conseguem assistir a lipoaspirações em programas como “Dr. 90210″ e ainda sentir vontade de fazer isso. Porque eles socam aquele cano nas pessoas com uma violência que é de embrulhar o estômago. O silicone também: literalmente, atocham na pessoa, com força. Não sei se vocês já viram. Eu, sinceramente, fiquei enjoada e troquei de canal na hora.



Disponivel em: http://marjorierodrigues.wordpress.com/2009/03/29/em-defesa-da-variedade-vaginal/

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Buceta é sempre linda! Cada uma é original. Eu amo a minha, e amo ver as das minhas amigas. Tbm amo ver fotos de bucetas.

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